REPORTAGEM


Publicação: 04/12/2014 15:08 Atualização: 04/12/2014 16:33

Movidos por um interesse em comum, um grupo de moradores da quadra 206 da Asa Norte decidiu fazer um financiamento coletivo para implementar hortas comunitárias nas superquadras de Brasília. Utilizar as áreas verdes de forma sustentável, desenvolver um sistema de compostagem e envolver a comunidade através das agricultura urbana são os objetivos do Projeto Re-Ação.

O agricultor Igor Aveline, de 26 anos, é um dos idealizadores. Ele mora na quadra há 20 anos e conta que a ação partiu do interesse de vários moradores. "Como me viam passeando na quadra e plantando mudas, os meus vizinhos começaram pedir dicas de plantio. Então deram a sugestão de expandir a horta para as demais localidades da quadra", conta.

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"Outras pessoas se juntaram ao grupo e, quando percebemos, já estávamos fazendo reuniões para desenvolver uma forma de fazer com que o projeto fosse aberto e participativo para moradores das demais regiões", completa. O Re-Ação teve início há oito meses e conta com a participação ativa de 15 moradores que atuam fazendo mutirões, distribuindo panfletos de conscientização, além de outros trabalhos voluntários.




Para incentivar ainda mais a ação, o grupo lançou a proposta de um financiamento coletivo em um site. A intenção é arrecadar R$ 15,5 mil, que serão utillizados na divulgação do projeto, no ensino de técnicas para crianças e adolescentes aprenderem a produzir o próprio alimento, ou parte dele. Eles também farão um curso de agroecologia para a comunidade, além de oficinas práticas de educação ambiental para crianças.

A região da 206 Norte é farta em árvores frutíferas. Por lá é possível encontrar pés de jamelão, de abacate, de jaca e até mandioca. Avelino relata que, antes de ir ao mercado, costuma chamar o vizinho para dar uma volta na quadra, colher frutas e verduras e só comprar o que faltar. “O que a gente consome é o mundo que a gente quer, sem degradação da natureza. Os alimentos da agricultura familiar são socialmente justos e economicamente sustentáveis", afirma o agricultor. Para ter todos esses alimentos à disposição, moradores e porteiros se dedicaram durante anos ao plantio de mudas. “Existem árvores grandes aqui que eu mesmo plantei. Tenho muito orgulho disso”, destaca.


Mudas plantadas pelos moradores da Asa Norte


Por meio do projeto, os idealizadores querem estruturar um sistema produtivo mais independente de irrigação. "Nos períodos de seca mais intensos podemos incorporar leguminosas e matéria orgânica para 'descansar' o solo da horta comunitária e, assim, apresentar sempre alta fertilidade no início das chuvas, conferindo independência de insumos ao nosso sistema produtivo", explica Aveline. A compostagem também é um ponto importante abordado pelos moradores. “Ensinamos a comunidade a dar uma destino melhor ao lixo orgânico, transformando-o em adubo para nossa horta”, explica.


Horta cultivada por moradores da Asa Norte



Para o futuro, após a implementação do projeto, os moradores pretendem fazer com que a horta se torne modelo de agricultura urbana, levar estudantes para conhecer o trabalho desenvolvido no local e, em conjunto com outros grupos de hortelões urbanos da Asa Sul e Águas Claras, que desenvolvem projetos semelhantes, tornarem a cidade mais sustentável.

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